Sangue e violetas



O que há nestas noites sombrias,
em que dormimos e o mal grassa?
Não percebemos, não ficamos sabendo
E a tortura caminha lancinante
Levando corpos, e meninos, e mulheres e homens!

Vidas que se escorrem pelos vãos,
sangue que não veremos
Tinta de tela que pintor não quer e devolve
São tantas devoluções que as letras se encolhem

O que há nas tardes quentes dos trópicos e meridianos?
Corpos suados, trabalhados no suor, capinando, ou não.
Mentes doentes que conspiram salários e mordomias,
O champã que escorre na taça feito fel e fumaça

A gargalhada que zune ao longe refugando os mimos.
Vidas que se perdem ao sabor do salgado e nonsense
suor que não terão, dores que serão passageiras
por enquanto!


São tantos os contratos que a tinta falta.
Nas manhãs, há um sabor acre de vitória, de esperança
Acorda-se o time para jogar do lado certo,
Ledo engano! Enganados vamos, o jardim mais além
Espaços de paz, espaços sombrios, violetas amarelas.

k.t.n. in volta

Comentários

Bonita, sensível, e dolorida poesia.
Kátia Torres disse…
Sim, mas a sua leitura deixou tudo mais bonito! Obrigada! :)

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