Entre espelhos
Fracionados no teto.
Arrependidos e estilhaçados.
Imagens multicores, difusas, esparsas.
Corpos em profusão, lição de belo.
Entre espelhos o outro.
Entre eles Narciso.
Vejo entre espelhos
e não dói mais do que uma picada de agulha.
Entre espelhos nado
refletida pelo sol.
Experimento o olhar do outro.
O mesmo habitante
que mora em mim.
Que se vai ao longe,
ou que foi.
Mas há caminhos e voltas,
volteios...
Entre espelhos é uma permissão.
Um fato inesquecível,
refletido.
Em retinas lúcidas
o papel do palhaço.
Uma dor e um amor.
Uma vida e sangue.
Cacos e inteireza.
Partes, muitas divididas
formando um todo esquizofrênico
e amigo dos peixes.
Uma visão, noturna e soturna.
Um cantar esquelético derretendo gorduras.
Brilho e pontas,
Entre espelhos vejo um mundo.
k.t.n. in proposição
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